Dons Ministeriais Para a Igreja
“E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores” (Ef 4.11).
O DOADOR
Este versículo alista os dons de ministério
(i.e., líderes espirituais dotados de dons) que Cristo deu à igreja.
Paulo declara que Ele deu esses dons
- para preparar o povo de Deus ao trabalho cristão (4.12)
- para o crescimento e desenvolvimento espirituais do corpo de Cristo, segundo o plano de Deus (4.13-16).
APÓSTOLOS
O título “apóstolo” se
aplica a certos líderes cristãos do NT. O verbo apostello significa
enviar alguém em missão especial como mensageiro e representante pessoal
de quem o envia. O título é usado para Cristo (Hb 3.1), os doze
discípulos escolhidos por Jesus (Mt 10.2), o apóstolo Paulo (Rm 1.1; 2
Co 1.1; Gl 1.1) e outros (At 14.4,14; Rm 16.7; Gl 1.19; 2.8.9, 1 Ts
2.6,7).
- O termo “apóstolo” era usado no NT em sentido geral, para um representante designado por uma igreja, como, por exemplo, os primeiros missionários cristãos. Logo, no NT o termo se refere a um mensageiro nomeado e enviado como missionário ou para alguma outra responsabilidade especial (ver At 14.4,14; Rm 16.7; cf. 2 Co 8.23; Fp 2.25) Eram homens de reconhecida e destacada liderança espiritual, ungidos com poder para defrontar-se com os poderes das trevas e confirmar o Evangelho com milagres. Cuidavam do estabelecimento de igrejas segundo a verdade e pureza apostólicas. Eram servos itinerantes que arriscavam suas vidas em favor do nome de nosso Senhor Jesus Cristo e da propagação do evangelho (At 11.21-26; 13.50; 14.19-22; 15.25,26). Eram homens de fé e de oração, cheios do Espírito (ver At 11.23-25; 13.2-5,46-52; 14.1-7,21-23).
- Apóstolos, no sentido geral, continuam sendo essenciais para o propósito de Deus na igreja. Se as igrejas cessarem de enviar pessoas assim, cheias do Espírito Santo, a propagação do evangelho em todo o mundo ficará estagnada. Por outro lado, enquanto a igreja produzir e enviar tais pessoas, cumprirá a sua tarefa missionária e permanecerá fiel à grande comissão do Senhor (Mt 28.18-20).
- O termo “apóstolo” também é usado no NT em sentido especial, em
referência àqueles que viram Jesus após a sua ressurreição e que foram
pessoalmente comissionados por Ele a pregar o evangelho e estabelecer a
igreja (e.g., os doze discípulos e Paulo). Tinham autoridade ímpar na
igreja, no tocante à revelação divina e à mensagem original do
evangelho, como ninguém mais até hoje. O ministério de apóstolo nesse
sentido restrito é exclusivo, e dele não há repetição. Os apóstolos
originais do NT não têm sucessores.
PROFETAS
Os profetas eram homens que falavam sob o
impulso direto do Espírito Santo, e cuja motivação e interesse
principais eram a vida espiritual e pureza da igreja. Sob o novo
concerto, foram levantados pelo Espírito Santo e revestidos pelo seu
poder para trazerem uma mensagem da parte de Deus ao seu povo (At 2.17;
4.8; 21.4).
- O ministério profético do AT ajuda-nos a compreender o do NT. A missão principal dos profetas do AT era transmitir a mensagem divina através do Espírito, para encorajar o povo de Deus a permanecer fiel, conforme os preceitos da antiga aliança. Às vezes eles também prediziam o futuro conforme o Espírito lhes revelava. Cristo e os apóstolos são um exemplo do ideal do AT (At 3.22,23; 13.1,2).
- A função do profeta na igreja incluía o seguinte: (a) Proclamava e interpretava, cheio do Espírito Santo, a Palavra de Deus, por chamada divina. Sua mensagem visava admoestar, exortar, animar, consolar e edificar (At 2.14-36; 3.12-26; 1 Co 12.10; 14.3). (b) Devia exercer o dom de profecia. (c) Às vezes, ele era vidente (cf. 1 Cr 29.29), predizendo o futuro (At 11.28; 21,10,11). (d) Era dever do profeta do NT, assim como para o do AT, desmascarar o pecado, proclamar a justiça, advertir do juízo vindouro e combater o mundanismo e frieza espiritual entre o povo de Deus (Lc 1.14-17). Por causa da sua mensagem de justiça, o profeta pode esperar ser rejeitado por muitos nas igrejas, em tempos de mornidão e apostasia.
- O caráter e solicitude espiritual, o desejo e a capacidade do profeta incluem: (a) zelo pela natureza da igreja (Jo 17.15-17; 1 Co 6.9-11; Gl 5.22-25); (b) profunda sensibilidade diante do mal e a capacidade de identificar e detestar a iniqüidade (Rm 12.9; Hb 1.9). (c) profunda compreensão do perigo dos falsos ensinos (Mt 7.15; 24.11,24; Gl 1.9; 2 Co 11.12-15); (d) dependência contínua da Palavra de Deus para validar sua mensagem (Lc 4.17-19; 1 Co 15.3,4; 2 Tm 3.16; 1 Pe 4.11); (e) interesse pelo sucesso espiritual do reino de Deus e identificação com os sentimentos de Deus (cf. Mt 21.11-13; 23.37; Lc 13.34; Jo 2.14-17; At 20.27-31).
- A mensagem do profeta atual não deve ser considerada infalível. Ela está sujeita ao julgamento da igreja, doutros profetas e da Palavra de Deus. A congregação tem o dever de discernir e julgar o conteúdo da mensagem profética, se ela é de Deus (1 Co 14.29-33; 1 Jo 4.1).
- Os profetas continuam sendo imprescindíveis ao propósito de Deus para a
igreja. A igreja que rejeitar os profetas de Deus caminhará para a
decadência, desviando-se para o mundanismo e o liberalismo quanto aos
ensinos da Bíblia (1 Co 14.3; cf. Mt 23.31-38; Lc 11.49; At 7.51,52).
Se ao profeta não for permitido trazer a mensagem de repreensão e de
advertência denunciando o pecado e a injustiça (Jo 16.8-11), então a
igreja já não será o lugar onde se possa ouvir a voz do Espírito. A
política eclesiástica e a direção humana tomarão o lugar do Espírito (2
Tm 3.1-9; 4.3-5; 2 Pe 2.1-3,12-22). Por outro lado, a igreja com os
seus dirigentes, tendo a mensagem dos profetas de Deus, será
impulsionada à renovação espiritual. O pecado será abandonado, a
presença e a santidade do Espírito serão evidentes entre os fiéis (1 Co
14.3; 1 Ts 5.19-21; Ap 3.20-22).
EVANGELISTAS
No NT, evangelistas eram homens de Deus,
capacitados e comissionados por Deus para anunciar o evangelho, i.e., as
boas novas da salvação aos perdidos e ajudar a estabelecer uma nova
obra numa localidade. A proclamação do evangelho reúne em si a oferta e o
poder da salvação (Rm 1.16).
- Filipe, o “evangelista! (At 21.8), claramente retrata a obra deste ministério, segundo o padrão do NT, (a) Filipe pregou o evangelho de Cristo (At 8.4,5,35). (b) Muitos foram salvos e batizados em água (At 8.6,12). (c) Sinais, milagres, curas e libertação de espíritos malignos acompanhavam as suas pregações (At 8.6,7,13). (d) Os novos convertidos recebiam a plenitude do Espírito Santo (At 8.14-17).
- O evangelista é essencial no propósito de Deus para a igreja. A igreja
que deixar de apoiar e promover o ministério de evangelista cessará de
ganhar convertidos segundo o desejo de Deus. Tornar-se-á uma igreja
estática, sem crescimento e indiferente à obra missionária. A igreja
que reconhece o dom espiritual de evangelista e tem amor intenso pelos
perdidos, proclamará a mensagem da salvação com poder convincente e
redentor (At 2.14-41).
PASTORES
Os pastores são aqueles que dirigem a congregação local e cuidam das suas necessidades espirituais. Também são chamados “presbíteros” (At 20.17; Tt 1.5) e “bispos” ou supervisores (1 Tm 3.1; Tt 1.7).
- A tarefa do pastor é cuidar da sã doutrina, refutar a heresia (Tt 1.9-11), ensinar a Palavra de Deus e exercer a direção da igreja local (1 Ts 5.12; 1 Tm 3.1-5), ser um exemplo da pureza e da sã doutrina (Tt 2.7,8), e esforçar-se no sentido de que todos os crentes permaneçam na graça divina (Hb 12.15; 13.17; 1 Pe 5.2). Sua tarefa é assim descrita em At 20.28-31: salvaguardar a verdade apostólica e o rebanho de Deus contra as falsas doutrinas e os falsos mestres que surgem dentro da igreja. Pastores são ministros que cuidam do rebanho, tendo como modelo Jesus, o Bom Pastor (Jo 10.11-16; 1 Pe 2.25; 5.2-41).
- Segundo o NT, uma igreja local era dirigida por um grupo de pastores (At 20.28; Fp 1.1). Os pastores eram escolhidos, não por política, mas segundo a sabedoria do Espírito concedida à igreja enquanto eram examinadas as qualificações espirituais do candidato.
- O pastor é essencial ao propósito de Deus para sua igreja. A igreja que
deixar de selecionar pastores piedosos e fiéis não será pastoreada
segundo a mente do Espírito (ver 1 Tm 3.1-7). Será uma igreja
vulnerável às forças destrutivas de Satanás e do mundo (ver At
20.28-31). Haverá distorção da Palavra de Deus, e os padrões do
evangelho serão abandonados (2 Tm 1.13,14). Membros da igreja e seus
familiares não serão doutrinados conforme o propósito de Deus (1 Tm
4.6-14-16; 6.20.21). Muitos se desviarão da verdade e se voltarão às
fábulas (2 Tm 4.4). Se, por outro lado, os pastores forem piedosos, os
crentes serão nutridos com as palavras da fé e da são doutrina, e
também disciplinados segundo o propósito da piedade (1 Tm 4.6,7).
DOUTORES OU MESTRES
Os mestres são aqueles que têm de Deus um
dom especial para esclarecer, expor e proclamar a Palavra de Deus, a fim
de edificar o corpo de Cristo (Ef 4.12).
- A missão dos mestres bíblicos é defender e preservar, mediante a ajuda do Espírito Santo, o evangelho que lhes foi confiado (2 Tm 1.11-14). Têm o dever de fielmente conduzir a igreja à revelação bíblica e à mensagem original de Cristo e dos apóstolos, e nisto perseverar.
- O propósito principal do ensino bíblico é preservar a verdade e produzir santidade, levando o corpo de Cristo a um compromisso inarredável com o modo piedoso de vida segundo a Palavra de Deus. As Escrituras declaram em 1 Tm 1.5 que o alvo da instrução cristã (literalmente “mandamento”) é a “caridade de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida” (1 Tm 1.5). Logo, a evidência da aprendizagem cristã não é simplesmente aquilo que a pessoa sabe, mas como ela vive, i.e., a manifestação, na sua vida, do amor, da pureza, da fé e da piedade sincera.
- Os mestres são essenciais ao propósito de Deus para a igreja. A igreja
que rejeita, ou se descuida do ensino dos mestres e teólogos
consagrados e fiéis à revelação bíblica, não se preocupará pela
autenticidade e qualidade da mensagem bíblica nem pela interpretação
correta dos ensinos bíblicos. A igreja onde mestres e teólogos estão
calados não terá firmeza na verdade. Tal igreja aceitará inovações
doutrinárias sem objeção; e nela, as práticas religiosas e idéias
humanas serão de fato o guia no que tange à doutrina, padrões e
práticas dessa igreja, quando deveria ser a verdade bíblica.
Por outro lado, a igreja que acata os
mestres e teólogos piedosos e aprovados terá seus ensinos, trabalhos e
práticas regidos pelos princípios originais e fundamentais do evangelho.
Princípios e práticas falsos serão desmascarados, e a pureza da
mensagem original de Cristo será conhecida de seus membros. A inspirada
Palavra de Deus deve ser o teste de todo ensino, idéia e prática da
igreja. Assim sendo, a igreja verá que a Palavra inspirada de Deus é a
suprema autoridade, e, por isso, está acima das igrejas e suas
instituições.
Autor: Diversos Fonte: Bíblia de Estudo Pentecostal
Autor: Diversos Fonte: Bíblia de Estudo Pentecostal
Comentários
Postar um comentário