A Bênção da Humildade
A revista alemã "Focus" publicou uma reportagem sobre o tema "Eu, eu,
eu". Ela tratava do culto ao eu – que aumenta cada vez mais em meio à
nossa população – no qual cada um se considera cada vez mais importante.
Cresce a sociedade que quer levar vantagem em tudo, que não recua
diante de nenhum meio para alcançar seus objetivos. É indiferente se
outros têm de sofrer com isso – o que importa é que se consiga o
primeiro lugar. Um dos lemas em curso entre a juventude é: "Eu sou mais
eu".
Também esta é mais uma prova de que a Palavra de Deus é confiável, pois
ela diz o seguinte acerca dos "últimos dias": "E, por se multiplicar a
iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos" (Mt 24.12). Quem não
cuida e não vigia, torna-se cada vez mais egoísta e nem o nota, mesmo
sendo cristão. O egocentrismo, o culto ao eu se infiltra onde a Palavra
de Deus é deixada de lado – e com isso é deixado de lado o
relacionamento íntimo com Jesus Cristo. David H. Stern traduz essa
passagem muito acertadamente da seguinte maneira: "O amor de muitas
pessoas esfriará porque a Torá se afasta cada vez mais delas" (Novo
Testamento judaico). Não se convive mais com a Sagrada Escritura. Mas é
só através do contato com a Palavra de Deus, através do amor do Espírito
Santo e da comunhão com Jesus Cristo que adquirimos a capacidade de
sermos humildes.
Satanás abandonou a Palavra de Deus por seu orgulho sem limites – e caiu. Igualmente cristãos que não mais são dirigidos pela Palavra de Deus e pelo Seu Espírito Santo se tornam vítimas do orgulho. Tornam-se ambiciosos e se acham cada vez mais importantes – e a causa de Jesus é empurrada para segundo plano.
Satanás abandonou a Palavra de Deus por seu orgulho sem limites – e caiu. Igualmente cristãos que não mais são dirigidos pela Palavra de Deus e pelo Seu Espírito Santo se tornam vítimas do orgulho. Tornam-se ambiciosos e se acham cada vez mais importantes – e a causa de Jesus é empurrada para segundo plano.
No Evangelho de Lucas um acontecimento nos mostra como o orgulho se
manifesta e quais as suas conseqüências: "Reparando como os convidados
escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhe uma parábola: Quando por
alguém fores convidado para um casamento, não procures o primeiro lugar;
para não suceder que, havendo um convidado mais digno do que tu, vindo
aquele que te convidou e também a ele, e te diga: Dá o lugar a este.
Então irás, envergonhado, ocupar o último lugar. Pelo contrário, quando
fores convidado, vai tomar o último lugar; para que, quando vier o que
te convidou, te diga: Amigo, senta-te mais para cima. Ser-te-á isto uma
honra diante de todos os mais convivas. Pois todo o que se exalta será
humilhado; e o que se humilha será exaltado" (Lc 14.7-11).
O Senhor nota quando somos orgulhosos
"Reparando como os convidados escolhiam os primeiros lugares..." O
orgulho é uma coisa que nós, como filhos de Deus, não gostamos de expor
publicamente, pois sabemos que é constrangedor quando é notado.
O orgulho começa no coração. O orgulho é algo sorrateiro, que entra devagarinho em nosso coração, mudando nossa motivação e mudando a base de nosso querer e de nosso agir. Em geral não usamos de violência para chegar mais à frente. Tudo começa muito sutilmente, nos insinuamos com cuidado. Fazemos um jogo duplo com outros, colocando o olho nos melhores lugares.
O orgulho começa no coração. O orgulho é algo sorrateiro, que entra devagarinho em nosso coração, mudando nossa motivação e mudando a base de nosso querer e de nosso agir. Em geral não usamos de violência para chegar mais à frente. Tudo começa muito sutilmente, nos insinuamos com cuidado. Fazemos um jogo duplo com outros, colocando o olho nos melhores lugares.
Não creio que as pessoas da nossa história foram derrubando cadeiras e
mesas para chegarem à frente e alcançarem os melhores lugares.
Provavelmente eles foram cuidadosos e educados, mas agiram com um alvo
em vista, que era o de ocupar o lugar de honra. Mas o Senhor o notou!
Pensemos nisso: o primeiro que descobre orgulho em nossa vida é o Senhor
– e Sua reação não se fará esperar. Ele olha diretamente para dentro do
coração e fala: "A soberba do teu coração te enganou..." (Ob 1.3).
Orgulho não é coisa pequena
Poderia-se dizer que o que aconteceu aqui é uma bagatela da qual nem
vale a pena falar. Tentar conseguir o melhor lugar em uma mesa não é
muito bonito, mas também não é tão trágico assim; certamente existe
orgulho pior. Mas o fato de Jesus ter notado o acontecido e de ter
comentado a respeito mostra claramente como o orgulho é terrível aos
olhos de Deus. Por quê?
1- Porque o orgulho procede de um cristianismo sem cruz
Em Filipenses 2.5-8 encontramos um padrão para nossa mentalidade e para
nossas intenções: "Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em
Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus não julgou como
usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a
forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em
figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à
morte, e morte de cruz." Sua humilhação consistiu em não exigir o que
era direito Seu. Ao invés de insistir em Sua semelhança com Deus, Ele
humilhou-se a Si mesmo. Ele, diante de cuja palavra o Universo se abala;
Ele, que é adorado e exaltado por todos os anjos criados; Ele, que não é
criatura mas o próprio Criador – Ele se humilhou, sim, "tornando-se
obediente até à morte, e morte de cruz." Essa mentalidade que Jesus
Cristo possuía é esperada de nós também. E quem não tem essa mentalidade
não vive com a cruz e com o Crucificado, mas é contrário à cruz de
Cristo. Uma pessoa assim, no fundo, é inimiga da cruz de Cristo por
continuar sendo orgulhosa.
2- Porque o orgulho tem sua origem nas mais terríveis profundezas, ou seja, no próprio diabo
Nele nasceu o orgulho: "Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu;
acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da
congregação me assentarei, nas extremidades no Norte" (Is 14.13).
Satanás queria ser como Deus: "...subirei acima das mais altas nuvens, e
serei semelhante ao Altíssimo" (v. 14). Por isso o orgulho é tão
terrível diante dos olhos de Deus e é condenado por Deus desde sua menor
raiz.
3- Porque o orgulho provém da falta de temor de Deus
Em Provérbios 8.13 está escrito: "O temor do Senhor consiste em
aborrecer o mal; a soberba, a arrogância, o mau caminho, e a boca
perversa, eu os aborreço." O resultado da falta de temor de Deus sempre é
o desprezo do nosso próximo, com uma valorização acentuada de si mesmo.
Assim, os fariseus e escribas daquela época escolheram para si os
melhores lugares à mesa. Onde os outros iriam sentar era indiferente
para eles.
Hoje igualmente a falta de temor de Deus cresce ao ponto de chegar a um ódio pelos outros. Pessoas orgulhosas têm dificuldades em se relacionar com os outros e estão sempre prontas para brigar. Pois o orgulhoso tenta alcançar seus próprios alvos mesmo às custas da união. Por isso somos exortados tão seriamente: "Nada façais por partidarismo, ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo" (Fp 2.3).
Hoje igualmente a falta de temor de Deus cresce ao ponto de chegar a um ódio pelos outros. Pessoas orgulhosas têm dificuldades em se relacionar com os outros e estão sempre prontas para brigar. Pois o orgulhoso tenta alcançar seus próprios alvos mesmo às custas da união. Por isso somos exortados tão seriamente: "Nada façais por partidarismo, ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo" (Fp 2.3).
4- Porque o orgulho sempre traz consigo a queda
Provérbios 16.18 diz: "A soberba precede a ruína, e a altivez do
espírito, a queda." A Bíblia Viva diz: "A desgraça está um passo depois
do orgulho; logo depois da vaidade vem a queda." Isso combina exatamente
com o que o Senhor Jesus diz em Lucas 14.8-9: "Quando por alguém fores
convidado para um casamento, não procures o primeiro lugar; para não
suceder que, havendo um convidado mais digno do que tu, vindo aquele que
te convidou e também a ele, te diga: Dá o lugar a este. Então irás,
envergonhado, ocupar o último lugar." Na prática, o orgulho não nos leva
a sermos mais reconhecidos e importantes no Reino de Deus, mas acontece
exatamente o contrário: quando somos orgulhosos, somos cada vez menos
importantes para o Reino de Deus, até ao ponto de sermos totalmente
desqualificados.
Quem se considera muito importante como candidato a obreiro no Reino de Deus, facilmente pode ser degradado ao patamar de um jumento, o que pode ser ilustrado com muito acerto com o seguinte episódio: certa vez um seminarista, muito convencido e cheio de si, falou a um servo de Deus: "Deus precisa de mim. Quero servi-lO." O servo de Deus respondeu: "Jesus só falou uma vez que precisava de alguém – e esse alguém era um jumento" (comp. Mc 11.3).
Quem se considera muito importante como candidato a obreiro no Reino de Deus, facilmente pode ser degradado ao patamar de um jumento, o que pode ser ilustrado com muito acerto com o seguinte episódio: certa vez um seminarista, muito convencido e cheio de si, falou a um servo de Deus: "Deus precisa de mim. Quero servi-lO." O servo de Deus respondeu: "Jesus só falou uma vez que precisava de alguém – e esse alguém era um jumento" (comp. Mc 11.3).
Muitas vezes o orgulho não produz uma ampliação nos horizontes, uma
expansão no ministério para o Senhor, como os orgulhosos muitas vezes
pensam e querem, mas exatamente o contrário: eles se tornam imprestáveis
para o serviço cristão e se tornam pequenos no Reino de Deus. A Bíblia
diz em 2 Coríntios 10.18: "Porque não é aprovado quem a si mesmo se
louva, e, sim, aquele a quem o Senhor louva."
Por Jesus ter se humilhado tanto na cruz, "...Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome" (Fp 2.9). E exatamente este mesmo princípio Jesus reafirmou em Lucas 14.11: "Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado."
Por Jesus ter se humilhado tanto na cruz, "...Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome" (Fp 2.9). E exatamente este mesmo princípio Jesus reafirmou em Lucas 14.11: "Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado."
5- Porque a humilhação vem, muitas vezes, por meio de outras pessoas
É disso que o Senhor fala em Lucas 14.8b-9: "...para não suceder que,
havendo um convidado mais digno do que tu, vindo aquele que te convidou e
também a ele, te diga: Dá o lugar a este. Então irás, envergonhado,
ocupar o último lugar." Mesmo que o orgulho esteja relativamente
escondido e se manifeste em segredo, um dia ele aparece e a humilhação
se torna do conhecimento de todos. Meio que sorrateiramente, sem chamar
muita atenção, alguns convidados se assentaram nos melhores lugares. Mas
quando o anfitrião mandou que eles tomassem os lugares inferiores,
todos ficaram sabendo.
É curioso observar que as pessoas orgulhosas são, muitas vezes,
humilhadas exatamente por aquelas pessoas que elas queriam adular e
agradar. No reino de Assuero, por exemplo, um certo Hamã gozava de todos
os privilégios possíveis concedidos pelo rei (Et 3.1). Mas tão logo,
através de Ester, sua esposa judia, Assuero ficou sabendo dos planos e
das intenções orgulhosas de Hamã (ele queria enforcar o judeu Mardoqueu,
por não o bajular, e queria mandar matar todos os judeus em um dia
pré-determinado), iniciou-se a queda de Hamã de uma maneira que ninguém
conseguiria deter: Hamã acabou enforcado juntamente com seus filhos (Et
7.10; 9.25).
6- Porque o orgulho produz insegurança
Muitas vezes as pessoas que têm uma tendência ao orgulho se mostram
muito seguras de si, mas, na verdade, elas são movidas por uma estranha
insegurança. Elas não estão firmes, não sabem qual o melhor caminho para
si e não são confiáveis nas coisas espirituais. E isso acontece porque
elas estão em um falso caminho, e porque no fundo de seu coração sabem
que podem cair de onde se encontram: "Pois todo o que se exalta será
humilhado..."
7- Porque só as pessoas humildes são íntimas do Senhor
Lucas 14.10 diz: "Pelo contrário, quando fores convidado, vai tomar o
último lugar; para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo,
senta-te mais para cima. Ser-te-á isto uma honra diante de todos os mais
convivas." No início dizíamos que os orgulhosos levam uma vida que
passa longe da cruz de Cristo, até contrária ao Senhor, e que os
humildes, ao contrário, têm uma vida com Cristo em seu centro; essas
pessoas vivem da Sua Palavra e têm a mentalidade do Senhor. Por isso, na
parábola que estamos tratando, só o convidado humilde é chamado de
"amigo": "Amigo, senta-te mais para cima." O Senhor não disse: "Vós sois
meus amigos, se fazeis o que eu vos mando"(Jo 15.14)?!
Só os humildes têm suas fronteiras ampliadas, só os humildes são exaltados. Por quê? Porque eles têm a mesma mentalidade que o seu Mestre. Ele disse: "Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado" (Lc 14.11).
Só os humildes têm suas fronteiras ampliadas, só os humildes são exaltados. Por quê? Porque eles têm a mesma mentalidade que o seu Mestre. Ele disse: "Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado" (Lc 14.11).
O caminho para a verdadeira humildade
Só através de muita oração, e não através do simples pedido: "Senhor,
humilha-me!" é que chegamos à humildade; somente através de uma decisão
consciente de nossa vontade, que se transforma em ação, é que chegamos à
humildade verdadeira. Jesus Cristo humilhou-se a si mesmo, pois a
Bíblia diz: "...a si mesmo se humilhou" (Fl 2.8). Ele disse:
"...agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro em meu coração
está a tua lei" (Sl 40.8).
Na nossa parábola, o Senhor mostra como se pratica a humildade:
– "...não procures o primeiro lugar..." (Lc 14.8);
– "...vai tomar o último lugar..." (v. 10);
– "... o que se humilha..." (v. 11).
Na nossa parábola, o Senhor mostra como se pratica a humildade:
– "...não procures o primeiro lugar..." (Lc 14.8);
– "...vai tomar o último lugar..." (v. 10);
– "... o que se humilha..." (v. 11).
É imprescindível assumir uma atitude como João Batista teve, quando
disse, olhando para Jesus: "Convém que ele cresça e que eu diminua" (Jo
3.30). É por isso que João Batista era tão grande aos olhos de Deus. O
Senhor testemunhou acerca dele: "Entre os nascidos de mulher, ninguém é
maior do que João" (Lc 7.28). Por isso é tão necessário eleger
diariamente o caminho da humildade e ficar nele: "Humilhai-vos,
portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno,
vos exalte" (1 Pe 5.6). Amém.
Autor: Norbert Lieth
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