O Reino e o Poder
O profeta Daniel viveu em tempos tumultuados. Numa vida que se prolongou
possivelmente até aos 90 anos, Daniel experimentou a queda do Reino de
Judá pelas mãos de Babilônia, e depois a destruição de Babilônia pelos
medo-persas. Durante essas reviravoltas políticas, quando as
superpotências da época entravam em confronto direto umas contra as
outras, competindo pelo controle do antigo Oriente Médio, Deus
revelou a Daniel que tudo estava sob Seu controle e de acordo com o
plano que Ele tinha para Seu povo, Israel, e para a vinda do reino de Deus à terra.
Durante os séculos VI e VII a.C., o Reino de Judá foi apanhado em um
conflito entre três grandes impérios: a Assíria, a Babilônia e a
Medo-Pérsia. O Império Assírio, com base em Nínive, havia governado o
antigo Oriente Médio desde o tempo de Tiglate-Pileser III, na metade do
século VIII a.C. Foi essa nação que havia conquistado Samaria e levado
cativo a Israel, o Reino do Norte, em 722 a.C. Ao final do século
seguinte, a Babilônia foi vagarosamente invadindo a Assíria, saqueando
Nínive em 612 a.C.
Em 609 a.C., uma coalizão entre os exércitos da Assíria e os do Egito
tentaram reprimir os babilônios em Carquemis. Mas, perto de 605 a.C.,
sob o poder de Nabucodonosor, a Babilônia foi vitoriosa; e, assim, Judá
tornou-se subserviente ao Império Babilônio.
Naquele ano, Nabucodonosor levou pessoas cativas do Reino de Judá,
dentre elas Daniel. Ele voltou a fazer a mesma coisa em 597 a.C., após a
rebelião do rei Joaquim. Este morreu na Babilônia; seu sucessor,
Jeoaquim, foi então levado prisioneiro (juntamente com o profeta
Ezequiel); e Zedequias se tornou rei. Finalmente, em 586 a.C., após
Zedequias ter se rebelado, o rei Nabucodonosor queimou Jerusalém,
destruiu o Templo e exilou o restante da nação de Judá. Como a Babilônia
já controlava Israel (o Reino do Norte), que havia sido capturado pela
Assíria, Babilônia tinha agora total domínio sobre todo o povo judeu.
O Império Babilônio, embora glorioso, teve vida curta. Treze anos depois
da morte de Nabucodonosor, uma coalizão entre os medos e os persas, sob
a autoridade do rei Ciro da Pérsia, conquistou a Babilônia, desviando o
rio Eufrates e atacando a cidade através do leito do rio, no dia 29 de
outubro de 539 a.C. Ciro, então, decretou que todas as nações cativas
sob o poder de Babilônia poderiam retornar às suas pátrias. Desta forma,
foi dado início ao Império Persa, sem precedentes, que governou desde a
Índia até o Mar Mediterrâneo por mais de 200 anos.
Assim, Daniel viveu durante um tempo de tremendo tumulto político, com a
nação judaica sendo subserviente a essas potências maiores. O Livro de
Daniel, entretanto, nos ensina que o mundo nunca está fora do controle
de Deus e que todas as nações estão sujeitas a Ele.
O Livro
Embora a Bíblia cristã coloque Daniel entre os Profetas Maiores, a
Bíblia hebraica o coloca juntamente com os Escritos. Isso pode ser
porque Daniel trabalhou principalmente como um funcionário do governo,
primeiro da Babilônia e depois da Pérsia; portanto, o livro foi colocado
entre Ester e Esdras/Neemias, juntamente com outros escritos dos tempos
pós-exílicos.
As revelações de Daniel abrangem quase sete décadas e especificam os anos de realeza, quando ele recebia visões. O livro foi escrito tanto em hebraico (Dn 1.1-2.4a; Dn 8.1-12.13) quanto em aramaico (Dn 2.4b-7.28). Aramaico era a língua internacional daquela época e o fato do livro ter sido escrito nas duas línguas nos diz que Daniel escreveu tanto para judeus quanto para gentios.
As revelações de Daniel abrangem quase sete décadas e especificam os anos de realeza, quando ele recebia visões. O livro foi escrito tanto em hebraico (Dn 1.1-2.4a; Dn 8.1-12.13) quanto em aramaico (Dn 2.4b-7.28). Aramaico era a língua internacional daquela época e o fato do livro ter sido escrito nas duas línguas nos diz que Daniel escreveu tanto para judeus quanto para gentios.
Daniel 1 funciona como uma introdução. Esse capítulo coloca Daniel como
um judeu exilado na Babilônia e mostra tanto seu caráter quanto a bênção
de Deus sobre ele e sobre seus amigos por causa da fidelidade
deles. Os capítulos 2 a 7 estão escritos em aramaico, significando que a
mensagem é primeiramente para as nações gentias.
Os capítulos 2 e 7 revelam quatro reinos gentios de duas formas. No capítulo 2 (o sonho de Nabucodonosor), cada um dos quatro reinos é representado como um tipo de metal na imagem de um homem que é finalmente destruída pela vinda do Reino de Deus. No capítulo 7, os mesmos quatro reinos são apresentados como quatro tipos de bestas. As Escrituras identificam os primeiros três reinos como a Babilônia (Dn 2.37), a Medo-Pérsia (Dn 8.20) e a Grécia (v.21); e o quarto reino é geralmente reconhecido como sendo o Império Romano – o que se encaixa historicamente.
Os capítulos 2 e 7 revelam quatro reinos gentios de duas formas. No capítulo 2 (o sonho de Nabucodonosor), cada um dos quatro reinos é representado como um tipo de metal na imagem de um homem que é finalmente destruída pela vinda do Reino de Deus. No capítulo 7, os mesmos quatro reinos são apresentados como quatro tipos de bestas. As Escrituras identificam os primeiros três reinos como a Babilônia (Dn 2.37), a Medo-Pérsia (Dn 8.20) e a Grécia (v.21); e o quarto reino é geralmente reconhecido como sendo o Império Romano – o que se encaixa historicamente.
Da mesma maneira, os dez artelhos da imagem em Daniel 2.41-43
correspondem aos dez chifres da quarta besta em Daniel 7.7,24. A
revelação adicional em Daniel 7.8,24 é a que um pequeno chifre irrompe
dentre os dez para blasfemar contra Deus. O Altíssimo julga aquele chifre pequeno através do Filho do Homem, e então o reino é entregue aos santos.
Os capítulos 3 e 6 correspondem um ao outro, pois demonstram a preservação que Deus faz dos que se mantêm fiéis a Ele na época desses governantes gentios. O capítulo 3 é a famosa história de Sadraque, Mesaque e Abedenego e de como Deus os protege na fornalha quando eles não se prostram diante da imagem de Nabucodonosor. Da mesma maneira, Deus protegeu a Daniel, já idoso, (capítulo 6) na cova dos leões quando continuou a se prostrar diante do verdadeiro Deus, mesmo em violação à lei dos medos e dos persas. Os dois relatos não apenas instruem o Povo Escolhido de Deus a ser fiel a Ele enquanto estiver sob o governo dos gentios, mas também instruem os governantes gentios sobre quem é verdadeiramente Deus.
Os capítulos 3 e 6 correspondem um ao outro, pois demonstram a preservação que Deus faz dos que se mantêm fiéis a Ele na época desses governantes gentios. O capítulo 3 é a famosa história de Sadraque, Mesaque e Abedenego e de como Deus os protege na fornalha quando eles não se prostram diante da imagem de Nabucodonosor. Da mesma maneira, Deus protegeu a Daniel, já idoso, (capítulo 6) na cova dos leões quando continuou a se prostrar diante do verdadeiro Deus, mesmo em violação à lei dos medos e dos persas. Os dois relatos não apenas instruem o Povo Escolhido de Deus a ser fiel a Ele enquanto estiver sob o governo dos gentios, mas também instruem os governantes gentios sobre quem é verdadeiramente Deus.
Essa confiança torna-se, então, o tema dos capítulos 4 e 5. O capítulo 4
é a descrição autobiográfica de Nabucodonosor e de seu encontro com o Deus
Altíssimo. É a história do orgulho e da humilhação desse rei durante os
sete anos em que sofreu de boantropia (insanidade em que a pessoa pensa
que é um bovino). Ele viveu em humilhação, como um animal no campo, até
que reconheceu que seu reino e poder vinham de Deus.
O capítulo 5 reconta a blasfêmia do rei Belsazar e a resposta de Deus quando usou, em sua festa de bebedeiras, os utensílios sagrados do Templo judaico que havia sido destruído. Os dois relatos admoestam os governantes gentios a reconhecerem que a soberania deles sobre Israel vem de Deus. Não vem deles, nem de seus deuses; e eles devem honrar o Deus Altíssimo e Seu povo, ou serão julgados.
O capítulo 5 reconta a blasfêmia do rei Belsazar e a resposta de Deus quando usou, em sua festa de bebedeiras, os utensílios sagrados do Templo judaico que havia sido destruído. Os dois relatos admoestam os governantes gentios a reconhecerem que a soberania deles sobre Israel vem de Deus. Não vem deles, nem de seus deuses; e eles devem honrar o Deus Altíssimo e Seu povo, ou serão julgados.
Os capítulos 8 a 12 consistem de três visões, ou revelações, escritas em
hebraico e tratam do futuro de Israel sob o domínio de quatro reinos
gentios. Todas as três visões enfocam o contínuo julgamento ou
sofrimento de Israel nas mãos dos gentios até que venha o Reino de Deus.
O capítulo 8 é uma visão revelada em 551 a.C., e trata da opressão de
Antíoco IV (Epifânio), um rei selêucida vindo do Império Grego, que
profanaria o futuro Segundo Templo em Jerusalém, em 167 a.C.,
estimulando desta forma a revolta dos Macabeus. Esse rei também é
descrito na visão de Daniel 11.21-35.
O capítulo 9 é a resposta de Deus à oração de Daniel em 539-538 a.C., sobre a profecia de Jeremias de que o povo judeu ficaria no exílio por 70 anos (Jr 25.11-12; Jr 29.10). Daniel entendeu que aquele era o momento do final do exílio (609-539 a.C.).
Deus revelou a Daniel que um período de 70 vezes sete anos de julgamento futuro estava decretado para Jerusalém até que toda a expiação tivesse sido feita em favor de Israel. No final de 483 anos, o Messias deveria ser “cortado” (Dn 9.26), deixando uma última “semana” (um período de sete anos) de julgamento antes do fim (vv.24-27).
O capítulo 9 é a resposta de Deus à oração de Daniel em 539-538 a.C., sobre a profecia de Jeremias de que o povo judeu ficaria no exílio por 70 anos (Jr 25.11-12; Jr 29.10). Daniel entendeu que aquele era o momento do final do exílio (609-539 a.C.).
Deus revelou a Daniel que um período de 70 vezes sete anos de julgamento futuro estava decretado para Jerusalém até que toda a expiação tivesse sido feita em favor de Israel. No final de 483 anos, o Messias deveria ser “cortado” (Dn 9.26), deixando uma última “semana” (um período de sete anos) de julgamento antes do fim (vv.24-27).
A visão final, registrada nos capítulos 10 a 12, foi dada em 536-535
a.C. e trata da nação de Israel nos “últimos dias” (Dn 10.14). O
capítulo 11 visualiza os conflitos entre os selêucidas e os ptolomaicos
durante o tempo do Império Grego, que culminou com a abominação da
desolação de Antíoco Epifânio no Templo (Dn 11.31).
Antíoco Epifânio é apresentado como nada menos que um tipo de um futuro governante maior: o Anticristo, que se exaltará contra Deus. O livro termina com o estabelecimento do governo de Deus e a recompensa da ressurreição dos santos.
Antíoco Epifânio é apresentado como nada menos que um tipo de um futuro governante maior: o Anticristo, que se exaltará contra Deus. O livro termina com o estabelecimento do governo de Deus e a recompensa da ressurreição dos santos.
A Mensagem
O Livro de Daniel contém uma mensagem tanto para Israel quanto para as
nações gentias. Para Israel, a mensagem é que permaneça fiel ao único e
verdadeiro Deus a despeito dos sofrimentos sob o governo gentio, enquanto espera o Messias de Deus e o Seu Reino.
Para os gentios, a mensagem é que reconheçam o Deus de Israel como o Deus Altíssimo e acolham o plano dEle para Israel e para o mundo. Deus deve ser reconhecido como Soberano; e honra e glória devem ser dadas a Ele. Como o próprio Nabucodonosor reconheceu: “o domínio [do Deus de Israel] é sempiterno, e o reino [do Deus de Israel] é de geração em geração” (Dn 4.34).
Para os gentios, a mensagem é que reconheçam o Deus de Israel como o Deus Altíssimo e acolham o plano dEle para Israel e para o mundo. Deus deve ser reconhecido como Soberano; e honra e glória devem ser dadas a Ele. Como o próprio Nabucodonosor reconheceu: “o domínio [do Deus de Israel] é sempiterno, e o reino [do Deus de Israel] é de geração em geração” (Dn 4.34).
| Autor: Herb Hirt | Divulgação: estudosgospel.Com.BR |
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