O Grande Desafio do Terceiro Milênio
O grande desafio do terceiro milênio depois de Cristo é a lembrança contínua do Jesus do Novo Testamento até que ele venha.
Por que já não há igrejas cristãs na Turquia
(antiga Ásia Menor), onde Paulo esteve com Barnabé em sua primeira e
bem-sucedida viagem missionária? O que é feito das igrejas por ele
fundadas em Antioquia, Icônio, Listra, Derbe e Perge? O que aconteceu
com as sete igrejas do Apocalipse (Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira,
Sardes, Filadélfia e Laodicéia), às quais o próprio Jesus enviou cartas
pastorais? Por que no final do terceiro século 50% da população da Ásia
Menor era cristã1 e hoje essa porcentagem não chega a 0,5%?
Por que o norte da África é hoje uma das regiões do
mundo mais fechadas para o evangelho, sendo que havia ali uma igreja
cristã extremamente forte nos três primeiros séculos? O que é feito da
famosa Escola de Catequese de Alexandria, fundada por Panteno e que
exerceu uma influência notável no mundo inteiro? Só nessa região havia
500 dioceses — um quarto de todas as dioceses do cristianismo de então.
Essa igreja nos deu os mais notáveis apologistas cristãos do segundo e
terceiro séculos: Tertuliano, Clemente e Orígenes, além de Cipriano e
Agostinho.2 Por que todos os países do norte da África, exceto o Egito,
têm hoje de 99 a 100% de muçulmanos (no Egito são 85%)?
Se Jesus Cristo é de fato incomparavelmente
superior a Buda, que nasceu cinco séculos e meio antes de Cristo (cerca
de 563 a.C.), e a Maomé, que nasceu cinco séculos e meio depois de
Cristo (cerca de 570), por que o crescimento do islamismo é da ordem de
16% ao ano, do hinduísmo é de 13%, do budismo é de 10% e do cristianismo
é de 9%?3
Por que a presença islâmica é cada vez maior na
Europa e na América do Norte? Como explicar o presente e crescente
interesse pelas religiões orientais no Ocidente? Por que a maior parte
dos protestantes da Europa e da Austrália e a maior parte dos católicos
da América Latina são cristãos nominais?
Em última análise, a resposta nua e crua é uma só: não poucos cristãos têm o triste hábito de perder Jesus de vista.
Esse processo desastroso de perder Jesus de vista
acompanha a história do cristianismo. Já no tempo de Paulo, os cristãos
da Galácia, na atual Turquia, começaram a perder a imagem de Cristo, ao
ponto de o apóstolo lhes perguntar: “Ó gálatas insensatos! Quem os
enfeitiçou? Não foi diante dos seus olhos que Jesus Cristo foi exposto
como crucificado?” (Gl 3.1, NVI). Tamanha perda levou-os a uma posição
de alto risco, como se pode observar no desabafo de Paulo: “Temo que os
meus esforços por vocês tenham sido inúteis” (Gl 4.11, NVI).
Problema semelhante havia também entre os cristãos
de Corinto, na Grécia. O mesmo Paulo lhes escreve: “Alguns de vós
continuam em total ignorância de Deus: isso eu vos digo para vossa
vergonha” (1 Co 15.34, CNBB). Esses alguns diziam “que não há
ressurreição de mortos,” o que significa afirmar que Jesus não
ressuscitou dos mortos (1 Co 15.12).
Situação ainda mais grave vivia a igreja de
Laodicéia, também na Turquia, à qual Jesus diz: “Eis que eu estou à
porta e bato; se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, eu entrarei na
sua casa e tomaremos a refeição, eu com ele e ele comigo” (Ap 3.20,
CNBB). Essa igreja auto-suficiente tinha Jesus Cristo do lado de fora e
foi exortada a começar tudo de novo. Tais acontecimentos ajudam a
explicar o declínio total do cristianismo na antiga Ásia Menor.
Perder Jesus de vista não significa olvidar o seu
nome ou a sua presença na história. Perder Jesus de vista é não
acreditar no Jesus das Escrituras Sagradas, em sua divindade, em seu
nascimento virginal, em sua morte, exclusivamente vicária, e em sua
ascensão. Não existe cristianismo sem Cristo e sem o Cristo certo.
O cristão perde Jesus de vista também quando não
nega a si mesmo e vive à sua maneira, segundo as inclinações da carne,
segundo o curso deste mundo e segundo o príncipe da potestade do ar (Lc
9.23; Ef 2.1-3).
Embora Timóteo tivesse uma sólida formação
judaico-cristã, embora tivesse trabalhado junto com o maior teólogo e
maior missionário de todos os tempos, e embora tivesse sido por ele
treinado para o ministério — ele foi exortado a se lembrar de Jesus
Cristo (2 Tm 2.8). Essa, porém, não é a única exortação em favor do não
esquecimento de Jesus Cristo. Há uma outra bem mais solene, bem mais
abrangente e bem mais conhecida, que acompanha obrigatoriamente a
cerimônia da Ceia do Senhor. Além do mais é proferida pelo próprio Jesus
Cristo, ao referir-se ao pão — “Isto é o meu corpo que é para vocês;
façam isto em memória de mim” — e ao vinho — “Este cálice é a Nova
Aliança no meu sangue, todas as vezes que vocês beberem dele, façam isso
em memória de mim” (1 Co 11.24-25, EP).
Todas a vezes que os cristãos de várias raças,
línguas e culturas celebram a Eucaristia, comendo do pão e bebendo do
vinho, eles ouvem pessoalmente a mesma exortação de Paulo a Timóteo:
“Lembre de Jesus Cristo, que foi ressuscitado e que era descendente de
Davi, de acordo com o evangelho que eu anuncio” (2 Tm 2.8, NTLH).
É preciso lembrar cuidadosa e continuamente da
pessoa de Jesus, do ensino de Jesus, das promessas de Jesus, do exemplo
de Jesus, do poder de Jesus, do amor de Jesus, do sacrifício vicário de
Jesus, da ressurreição de Jesus e da ascensão de Jesus Cristo no tempo e
no espaço, sob risco de cair em confusão, em desespero, em heresia, em
apostasia e no vazio.
Na antiga aliança havia holocausto contínuo, da
manhã ao pôr-do-sol, dia após dia, ano após ano. Todos os outros muitos
sacrifícios não suprimiam o holocausto contínuo. A expressão “além do
holocausto contínuo” ou “além do holocausto perpétuo” aparece 14 vezes
nos capítulos 29 e 30 de Números. Hoje tem de haver lembrança contínua!
Assim como o holocausto contínuo apontava para
Jesus e cessou quando Ele veio pela primeira vez, a lembrança contínua
precisa ser mantida “até que Ele venha” (1 Co 11.16)!
Notas
1 Neill, Stephen. "Missões Cristãs". Lisboa, Editora Ulisseia, p. 46.
2 Kane, J. Herbert. "A Concise History of The Christian World Mission", Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1978, p. 51.
3 Ford, Leighton. "Jesus, o Maior Revolucionário", p. 12.
1 Neill, Stephen. "Missões Cristãs". Lisboa, Editora Ulisseia, p. 46.
2 Kane, J. Herbert. "A Concise History of The Christian World Mission", Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1978, p. 51.
3 Ford, Leighton. "Jesus, o Maior Revolucionário", p. 12.
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