Obreiros de Carreira ou Obreiros Temporários?
Conversando com um amigo das Forças Armadas,
descobri que, no Exército, existem duas categorias de militares: os de
carreira e os temporários.
Os militares de carreira são os vocacionados para
tal atividade e pretendem seguir toda a trajetória profissional,
atendendo e protegendo a nossa nação e, se necessário, até mesmo
entregando a própria vida por amor à pátria. Mas para que o sonho desses
homens se torne realidade, precisam, antes, ser aprovados em concursos.
Somente depois dessa exigência são estabelecidos no exercício da função
militar, até o tempo de irem para a reserva.
Os militares temporários, diferentemente, prestam
serviço no Exército apenas durante oito anos. Depois desse tempo, são
obrigados a deixar a farda e a voltar à vida civil, a menos que consigam
ser aprovados em exames para militares de carreira.
Observando essa condição da vida militar, percebi
que, no meio evangélico atual, também temos alternativa similar; ou
seja, temos “obreiros de carreira” e “obreiros temporários”.
Os obreiros de carreira, como no caso dos
militares, exercem a função ministerial até o momento em que são
jubilados; ou, então, como ocorre em muitos casos, quando terminam sua
vida terrena no front. Esses estão enquadrados nos textos bíblicos que
dizem: “E ele mesmo [Jesus] deu uns para apóstolos, e outros para
profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores,
querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para
edificação do corpo de Cristo” (Ef 4.11,12). “Ninguém que milita se
embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou
para a guerra” (2Tm 2.4).
De fato, essa categoria de obreiros é realmente
vocacionada para a carreira religiosa e não se imagina, em hipótese
alguma, no exercício de qualquer outra função que não seja a de
apascentar almas para Cristo.
Já os obreiros temporários, tomando ainda o exemplo
dos militares, ficam no ministério por um tempo predeterminado. Mas
existe uma diferença fundamental entre os militares temporários e os
obreiros temporários. Enquanto os militares temporários são obrigados,
ainda que não queiram, a deixar a farda, os obreiros temporários,
normalmente, abandonam o exercício ministerial por conta própria.
Outro detalhe que pude observar é que os obreiros
temporários evangélicos geralmente deixam o ministério em época de
eleição, visando os cargos políticos, o que nos revela mais uma vantagem
em relação aos militares temporários, pois, quando não são eleitos,
voltam ao ministério ao seu bel-prazer e ficam no ministério até o
próximo pleito. Há aqueles que ainda se julgam capazes de desenvolver
dupla função; ou seja, liderar e cuidar das causas espirituais
(religiosas) e materiais (políticas) simultaneamente, contrariando o
ensino do nosso Mestre, que disse: “Ninguém pode servir a dois senhores”
(Mt 6.24).
Com essa comparação, pude assimilar e entender,
ainda que com tristeza, o motivo que leva alguns obreiros evangélicos a
estarem com seus nomes e fotos em reportagens como a apresentada pela
revista Veja (26/7/06), figurando entre os envolvidos com a “máfia das
sanguessugas”.
Entendi que se trata de obreiros temporários, pois
os obreiros de carreira não trocariam a chamada ministerial por outra
atividade, mesmo que as vantagens financeiras fossem tentadoras. Vale a
pena salientar que a Igreja Católica Apostólica Romana optou por
obreiros de carreira e ainda exige voto de pobreza aos que têm vocação
para o exercício do ministério sacerdotal.
Querido leitor, na sua igreja há também os dois
tipos de modalidades: obreiros de carreira e obreiros temporários? Se a
sua resposta for afirmativa, gostaria de lhe fazer uma nova pergunta:
“Na próxima eleição, você ajudará a eleger um obreiro temporário para
ocupar um cargo na política brasileira?”.
Autor: Antonio Fonseca
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