A Pós-modernidade e os Desafios Para os Nossos Dias
Se houver consenso entre as afirmações que dizem
que a verdade e a moral foram substituídas pelo engano e pelo
relativismo, estamos, então, diante de um problema estrutural que
desafia educadores, líderes e todos aqueles que ainda acreditam na
verdade absoluta revelada por Deus nas Escrituras Sagradas.
Temos um cenário moldado pelo pensamento
pós-moderno em todas as suas esferas. E suas implicações podem ser
detectadas principalmente na religião, na política, na educação e na
ética. Para o pós-modernismo, “a única verdade é que não existe
verdade”, segundo o escritor colombiano Daniel Salinas.
A narrativa de outro autor nos ajudar a compreender
melhor o contexto da pós-modernidade: “Enquanto a modernidade é um
manifesto à auto-suficiência humana e à autogratificação, o
pós-modernismo é uma confissão de modéstia e, até mesmo, de
desesperança. Não há verdade. Há apenas verdades. Não há razão suprema.
Só existem razões. Não há uma civilização privilegiada, e muito menos
cultura, crença, norma e estilo. Existe somente uma multidão de
culturas, de crenças, de normas e de estilos. Não há justiça universal.
Existem apenas interesses de grupos. Não há uma grande narrativa do
progresso humano. Existem apenas histórias incontáveis, nas quais as
culturas e os povos se encontram hoje. Não existe realidade simples, e
muito menos a realidade de um conhecimento universal e objetivo. O que
existe, de fato, é apenas uma incessante representação de todas as
coisas em função de todas as outras”.
Diante desse quadro, não podemos, de forma alguma,
ignorar o que está acontecendo à nossa volta, como se não pudéssemos
enxergar ou, pior ainda, como se não estivéssemos interessados em
enxergar, simplesmente por acharmos que não seremos atingidos por essa
avalanche de pensamentos. Mas não é bem assim. Muito pelo contrário.
Quando observamos os conteúdos didáticos do ensino fundamental ao
acadêmico, conseguimos identificar sim as abordagens sobre os conceitos
relativistas e desconstrutivos relacionados aos temas fundamentais da
estrutura de uma sociedade, tais como: família, religião e ética.
Identificamos nos livros didáticos baseados no
pensamento pós-moderno idéias que propagam reverência à “mãe Natureza” e
ainda propõem o fim das diferenças religiosas, morais e éticas, sob a
égide do pluralismo e do multiculturalismo. O pluralismo outorga a todas
as religiões o mesmo valor soteriológico, moral e espiritual,
ressaltando que nenhuma cultura pode ser considerada melhor do que
qualquer outra. É justamente esse o ambiente que está formando as novas
gerações.
Segundo o escritor Charles Colson, “a maneira como
vemos o mundo pode mudar o mundo. Como isso pode acontecer? Quando o
cristão se compromete a viver sua fé”. Diante disso, devemos encarar a
nossa fé com seriedade e compromisso, sem ignorar que o ser humano é um
ser pensante e necessita de respostas. E a única maneira que temos de
fornecer respostas que atendam às mais profundas necessidades do ser
humano é mediante a verdade absoluta revelada por Deus nas Escrituras
Sagradas. Portanto, o desafio está diante de nós, de todos nós, e,
principalmente, dos líderes e educadores cristãos.
É tempo de tocar a trombeta em Sião, de alertar
sobre os perigos iminentes, antes que seja tarde demais. Não podemos nos
sentir satisfeitos com discursos improvisados, simplistas, sem
conteúdo. É necessário que haja dedicação e renúncia, para que o povo de
Deus se faça mais sábio e preparado para enfrentar um mundo que se
transforma a cada dia. O que nos remete à reflexão do escritor Samuel
Escobar, com a qual finalizamos este artigo:
“Estamos entrando numa época bem diferente daquela
que chamamos de ‘tempos modernos’. Nessa época denominada ‘pós-moderna’,
temos a obrigação e o dever, como servos de Deus, de anunciar e viver a
fé cristã. Fé esta que tem sobrevivido por vinte séculos, que tem
passado de uma cultura para outra. A fé que, há muito, deixou de
pertencer somente aos europeus, pois se espalhou por todo o planeta. Se
agirmos dessa maneira, o cristianismo deste século será um cristianismo
diferente, porque será múltiplo e global. A pessoa central desse
cristianismo será o nosso Senhor Jesus Cristo, cuja memória e presença
tiveram a capacidade de transcender a todas as culturas. E continuará
sendo assim. Essa é a nossa firme esperança”.
Autor: Marcos Antônio Guimarães
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